segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Júlio César: 'Goleiro não pode falhar'

Goleiro do Corinthians supera críticas e comemora o título do Brasileiro.

Demorou um pouco mais que o próprio Corinthians esperava, mas com o título de campeão Brasileiro conquistado neste domingo, Júlio César enfim parece ter aprendido o hit Vou Lhe Avisar, de Jorge Bem Jor. Afinal, não importa a competição, mas “goleiro não pode falhar / Não pode ficar com fome / Na hora de jogar”.

Foi só assumir a titularidade da equipe, em 2010, depois da conturbada saída de Felipe, para o jogador derrapar feio em algumas estrofes. Erros que não acabavam mais e remontavam o fantasma da camisa 1 corintiana – o time não conseguia emplacar um goleiro de sucesso desde a época de Dida. Júlio César fez pelo menos uma importante defesa no empate contra o Palmeiras e, quando não chegou, ainda contou com a trave para segurar o 0 a 0.

Para ficar apenas nos jogos decisivos, Júlio César saiu jogando errado no até hoje lamentado empate com o Goiás (1 a 1), no Brasileiro do ano passado. Atirou-se na rede para tentar salvar o refrão, mas já era tarde. Ficou ainda mais patético. Depois disso, na final, logo na final do Campeonato Paulista, aceitou um chute despretensioso de Neymar e 2 a 1 para o Santos. Já neste Brasileiro, o erro mais clamoroso deles. Amaral bateu a falta no canto do goleiro, que havia dado um passo bobo para o outro lado. Ainda sofreu gols marcantes de rivais como o centésimo de Rogério Ceni, do São Paulo, e o da reestreia de Juninho Pernambucano pelo Vasco.

“Sabe por que a torcida do Corinthians gosta de mim? Por que eu sou igual eles. Se eu cair, eu levanto. Não desisto nunca e é assim que funciona”, disse Júlio César, ao “Terceiro Tempo”, da Band. “Aqui é Corinthians. É assim mesmo.”

Como se não bastassem os seguidos gols sofridos em momentos decisivos, Júlio César também teve de lidar com a sombra do promissor Renan, vindo do Avaí e com passagens até pela seleção brasileira. Pois não é que o recém-contratado falhou logo em seu jogo de estreia (derrota para o Cruzeiro no primeiro turno). Ainda teve outra oportunidade e... Falhou novamente (contra o América-MG também no Pacaembu). Vaias da plateia. Então chegou um momento que o reserva do reserva, Danilo Fernandes, subiu ao palco para tentar levar o show adiante.

Identificação com a torcida

Mas não tinha jeito. Júlio César era mesmo o cara a conduzir o grupo até a suada conquista. Se ele era o responsável pelas manchetes: “Apesar de Júlio César, Corinthians vence”, ele mesmo iria tirar o time de palcos menores.

“O time é muito bom, o Tite armou muito bem o time. Todo mundo soube desde o começo o que queria. É uma equipe que vai ficar lembrada para sempre”, completou o camisa 1.

Único titular da equipe criado no terrão do Corinthians, o goleiro, hoje com 27 anos, sabe literalmente o que é “sacudir a poeira e dar a volta por cima”. Foram outras tantas defesas incríveis (como conquistou o título, sim, muito mais que os erros) que serão lembradas por longos anos. Atuações decisivas (positivamente), inclusive, em clássicos, quando segurou o resultado.

No elenco profissional desde 2004, de contrato renovado até dezembro de 2014, Júlio César virou mesmo ídolo, símbolo da raça corintiana, na partida contra o Botafogo, em São Januário. O goleiro viu o osso de um dos dedos da mão rasgar a pele após uma bola mal encaixada. Como o time já havia feito as três substituições permitidas, não só continuou em campo com a fratura exposta, como ainda saiu de soco em uma bola alçada na área. Como ele mesmo já disse após vitórias importantes nos minutos finais: “Isso é Corinthians”.

Agora, com o título no currículo, os apelidos todos – “Chama-gol”, “Bracinho curto” e “Motorista de Kombi” – acabaram, ou ao menos darão um tempo a partir de agora. Fato é que Júlio César mostrou o seu valor dentro e fora de campo no não muito alto do seu 1,85 metro. E, mais do que isso, aprendeu de vez a letra. “Senão, é um frango aqui, um frango ali / Um frango acolá.”

band.com.br

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