Goleiro acredita que presença de Marcos ajudou em seu desenvolvimento.
Foto: Mauro Horita/Terra.
O goleiro Deola foi um dos que se mostrou mais abatido com o adeus de Marcos. Amigo do ex-companheiro de Palmeiras dentro de fora de campo, o agora titular absoluto do gol alviverde rejeitou conviver com a "sombra" do ídolo e relembrou nesta sexta-feira algumas passagens ao lado do ex-atleta e citou até as ocasiões em que conseguiu deixá-lo no banco de reservas.
"Ele foi poucas vezes para o banco, mas para mim foi uma honra. Poucos goleiros deixaram o Marcos no banco e isso foi uma honra, poder dividir o espaço com ele, eu estava ali tapando um buraco, mas para mim foi satisfatório", definiu o jogador, tentando esconder a emoção por falar sobre o amigo.
"Cheguei em 2000, estava sentado e vi ele me cumprimentando, já era um ídolo, convivi com ele todo o tempo e para mim virou um amigo, um irmão, pedia conselhos a ele. Tenho carinho e vai fazer falta na convivência, no dia a dia, foi bom trabalhar com ele", acrescentou Deola.
O camisa 1 também aproveitou para negar a hipótese de ter que, a partir de agora, conviver com a sombra do ex-goleiro e ressaltou o tempo vivido ao lado de Marcos. "Não muda nada, a responsabilidade continua e sempre foi grande. Antes eu também não substituia o Marcos, até porque não tem como substituí-lo", disse.
"O vazio vai continuar por muito tempo, foi um ícone e vai continuar sendo de todas as equipes. Vou representar, sem substituir, dar sequência ao trabalho que ele estava fazendo e que o Velloso, o Leão, Oberdan, já fizeram. É dar continuidade, sombra ou pressão continuam a mesma coisa", definiu Deola.
Com 79 partidas pela equipe alviverde, o goleiro não poderá atuar na primeira partida do time na temporada, pois cumprirá suspensão automática. Por isso, no confronto contra o Bragantino, no dia 22, pelo Campeonato Paulista, o titular da posição será o jovem Bruno.
"Não sei se a sombra de jogar com o Marcos ajudou, mas ter ele do lado ajudou muito. Quando você tem pessoas capacitadas do seu lado, não só ele, mas todos os goleiros do Palmeiras. Qualquer um dos cinco que entrar vai jogar bem e qualquer um do lado ajuda muito", finalizou Deola.
Exemplo de amor à camisa no futebol moderno
A carreira de Marcos pode ser classificada como uma das mais bonitas dos últimos anos. Mesmo consagrado e objeto de desejo de grandes clubes europeus durante a trajetória dentro dos gramados, o goleiro deu um raro exemplo de "amor à camisa" no futebol moderno. O camisa 12 permaneceu os quase 20 anos de vida futebolística na mesma instituição: a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Com a camisa alviverde, Marcos conquistou os maiores títulos da organização paulista. Campeão brasileiro nos anos de 1993 e 1994, o goleiro alcançou o auge da carreira. Em um espaço de apenas três meses, deixou o banco de reservas para se tornar um dos principais responsáveis pelo título inédito da Copa Libertadores da América de 1999, a maior glória obtida pelo Palmeiras até hoje.
Já tratado como ídolo, Marcos conquistou ainda mais a torcida na edição seguinte da competição sul-americana. Embora tenha passado por um péssimo momento de pressão, após falhar na decisão do Mundial de 1999 (não conseguiu interceptar um cruzamento de Ryan Giggs, que resultou no gol do título do Manchester United, marcado por Roy Keane), o goleiro se tornou símbolo da vitoriosa geração alviverde ao novamente impedir o arquirrival Corinthians de seguir no torneio.
Na semifinal, Marcos defendeu o pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, principal ídolo corintiano na época, e classificou o Palmeiras à decisão da Libertadores de 2000 - competição na qual o time acabou como vice-campeão.
Ídolo consolidado dentro do clube, Marcos atingiu o Brasil inteiro em 2002. Goleiro de confiança do técnico Luiz Felipe Scolari, o representante palmeirense vestiu a camisa 1 da Seleção Brasileira e teve participação fundamental na conquista do pentacampeonato, especialmente na decisão contra a Alemanha.
As grandes atuações despertaram o interesse europeu. O Arsenal, depois de conhecer o goleiro palmeirense na Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul, buscou a contratação de Marcos. Entretanto, na contramão do futebol moderno de negócios, o jogador rejeitou a proposta e seguiu na instituição alviverde, apesar do rebaixamento à Série B do Brasileiro em 2003.
Marcos passou pela pior crise da história palmeirense sem ter o respeito adquirido durante o fim da década de 90. O jogador seguiu convivendo com lesões, alguns vexames (como a goleada de 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil de 2003, no Palestra Itália) e grandes atuações. O último título conquistado pelo camisa 12 no único clube da carreira foi o Campeonato Paulista de 2008.
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